CUBA Cosquin e Bolívia 2022
Passados mais de três anos desde a última viagem, chegou a hora de arrumar a bagagem e aproveitar alguns dias motocando por aí.
O último encontro C.U.B.A. foi realizado no Uruguai em março de 2020, já com a incerteza de como seriam os dias que viriam pela frente. Uma semana após retornar a Passo Fundo a disseminação do vírus Sars-Cov-2 continuava a tomar proporções gigantescas e a Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou o então alerta epidemiológico para o nível de pandemia e a maioria das fronteiras entre países foram fechadas.
Durante dois anos os níveis de propagação do vírus e a ocupação hospitalar foram oscilando, as fronteiras abriam e fechavam, os requisitos sanitários para a imigração estavam cada vez mais complexos e com muitas informações desencontradas. O ano de 2022 iniciou com esperanças renovadas, a cobertura vacinal da população atingiu níveis satisfatórios e os novos e, principalmente, graves casos entraram em declínio. Em agosto de 2022 praticamente todas as fronteiras do Cone Sul já estavam sem requisitos sanitários para a realização dos trâmites migratórios.
Depois de dois ou três adiamentos, finalmente o encontro foi marcado para o final do mês de outubro de 2022. Aproveitando a “cruzada de fronteira”, já programamos uma viagem por alguns lugares ainda desconhecidos no norte da Argentina e na Bolívia.
Domingo (16/10/2022)
Dia 1: Passo Fundo – São Borja – (380 km)
A previsão do tempo esteve instável durante toda a semana, já marcava chuva na saída de Passo Fundo, mas, para nossa sorte, o tempo se manteve nublado e com temperatura agradável durante todo o trajeto. Passei na casa do Rubens e da Cris e daí iniciamos a nossa jornada.
Mesmo sendo um dia de poucos quilômetros, saímos cedo para também chegar cedo à São Borja, pois a casa de câmbio da aduana, por ser domingo, fecharia as 16 h.
Foi um trajeto sem muitas novidades, paramos para abastecer no trevo de Entre Ijuis onde conversamos um pouco com um pessoal que estava voltando de uma viagem de uma semana até a fronteira com o Chile (foram até os Caracoles e retornaram). É claro que já aproveitei para garimpar algumas informações (câmbio, preço de hotéis, gasolina, propina para a Caminera de Entre Rios e etc.).
Chegamos cedo a São Borja, compramos os pesos argentinos no complexo fronteiriço e retornamos para abastecer as motos, almoçar e procurar um hotel.
Por indicação do funcionário da casa de câmbio almoçamos no restaurante Algo Mais e nos hospedamos no hotel Viva Vida. O restaurante é muito bom, e posteriormente voltamos ao mesmo para o jantar. O Hotel tem um bom café da manhã, garagem e os quartos são bem simples, limpos, iluminados e arejados.
Enquanto almoçávamos, o Sérgio também chega a São Borja. Mandamos a localização do hotel e logo nos encontramos.
Pela parte da tarde, como haviam algumas referências históricas por perto, resolvemos dar uma caminhada e conhecer o museu/casa de Getúlio Vargas e do Jango. O primeiro estava fechado, mas no segundo, de João Goulart, entramos e vivenciamos um pouco da história política de nosso país.
Após o roteiro cultural paramos num boteco para tomar uma cervejinha e espantar o calor.
Quanto maior a turma e os dias de viagem, mais “causos” surgem durante o percurso. Desta vez vou contar o que aconteceu comigo já no primeiro dia: Estava muito quente quando fomos ao posto de gasolina. Tirei a jaqueta enquanto o frentista abastecia a moto e eu lubrificava a corrente da moto, tirei a carteira do bolso, paguei pelo combustível, vesti novamente o equipamento de proteção e fomos para o hotel. Quando fui realizar o check in bateu o desespero, pois eu tinha certeza que havia colocado a carteira no bolso, porém ela não estava lá. Subi na moto e refiz o caminho até o posto, numa via de sentido único e, por consequência, rodando contra o fluxo. Cheguei ao posto e perguntei se havia deixado a carteira, mas, antes mesmo da resposta do funcionário, bati a mão no peito e senti a carteira no bolso no lado oposto ao que sempre uso. Voltei aliviado para o hotel!
Hotel: Viva Vida, Rua Dr Cesar Pereira da Cunha 65, info@hotelvivavida.com.br, (55) 3430 3145 / 99620 2030, Us$ 28,00 apartamento single.
Restaurante: Algo Mais, rua Ver. Eurico Batista da Silva 47.
Segunda (17/10/2022)
Dia 2: São Borja – Presidência Roque Saenz Peña – (588 km)
A segunda-feira amanheceu com ótima temperatura, tomamos o bom café da manhã do hotel e partimos rumo a fronteira. Os trâmites na Argentina sempre são rápidos, tudo já está como antes da pandemia, apenas mostramos o passaporte (que não leva mais carimbo), os documentos da moto, a carta verde, pagamos o pedágio logo após a aduana e aceleramos pelas boas estradas. De cara já passamos sem parar por uma fiscalização da Polícia Caminera na saída de Santo Tomé.
Rodamos direto, com pouco movimento, até Ituzaingó, onde paramos somente para abastecer e ir ao banheiro. Este posto sempre é bem movimentado e, normalmente, o atendimento demora um pouco. A frentista deixou o tanque enchendo e foi atender outro, quando o abastecimento terminou, arredondei a conta na bomba e devolvi o bico na mesma. Minha surpresa foi que a moça não gostou da ajuda e ainda reclamou...pensa na minha cara de preocupado!
Encontramos um grupo de mineiros que estavam retornando da Bolívia, conversamos um pouco, peguei algumas dicas, nos despedimos e seguimos em sentidos contrários.
Próximo ao meio dia já estávamos na região metropolitana de Corrientes, paramos no primeiro posto para abastecer, mas como a fila estava grande resolvemos seguir adiante e completar o combustível apenas no ponto de encontro com o casal de amigos uruguaios Pico e Laura. Atravessamos toda a cidade de Corrientes pela rua lateral à autopista pois aí não é permitida a circulação de motocicletas na via principal (existe uma pequena placa bem no início da cidade e outra no meio do caminho).
Atravessamos a ponte sobre o rio Paraná que liga Corrientes à região do Chaco e logo estávamos em Resistência. Haviam algumas obras novas no trecho, estava diferente desde a última vez que passei aqui em 2018 e acabei tomando o caminho errado, entrando no primeiro acesso à cidade. Logo percebi o engano, realizamos o retorno e prontamente nos dirigimos ao posto de gasolina onde havia marcado o encontro com os amigos. Aproveitamos para almoçar no restaurante próximo ao mesmo, tudo já programado usando o “google street view”.
O restaurante era bem peculiar, havia um buffet por quilo, mas as comidas tinham valores diferentes, então era necessário pegar vários potes plásticos para colocar a comida separadamente. A variedade de comida era grande, inclusive na parte de sobremesa. Enquanto almoçávamos e colocávamos o papo em dia, todos olhavam para o horizonte. Algumas nuvens de chuva insistiam em permanecer no caminho que iríamos trilhar hoje. A previsão era de chuva do meio da tarde em diante. Depois de alguns minutos rodando, timidamente algumas gotas de chuva começam a cair e logo a água torna-se uma constante nos próximos quilômetros. Chegamos a Saenz Peña, abastecemos as motos e nos dirigimos ao hotel que eu já havia pesquisado na internet. É a terceira vez que paramos nesta cidade durante nossas viagens e é o terceiro hotel diferente que usamos. Na primeira viagem ficamos em um hotelzinho bem “meia boca”, na segunda no Aconcágua, já com uma estrutura bem melhor e desta vez escolhi o Hotel Gualok, um ótimo hotel, com piscina, águas termais e cassino.
Depois de acomodar as coisas no quarto, descemos ao bar do hotel para conversar e tomar algumas cervejas acompanhadas de ótimas empanadas, ficamos por aí até o momento em que fomos jantar numa parrillada perto de onde estávamos, sugestão do pessoal do hotel.
Durante o percurso de hoje senti um forte cheiro de coentro na estrada, por um bom tempo achei que era alguma percepção minha, que algum odor semelhante me causara esta confusão, mas, durante nossas resenhas ao final do dia, os demais também confirmaram que sentiram o mesmo cheiro. Uma experiência agradável e que se repetiu por mais alguns momentos no decorrer da viagem.
Hotel: Gualok, av San Martin 1198, tarifa para quarto single Us$ 19,00.
Jantar: Parrillada Raices, rua Blas Parera 560, carnes e vinhos de qualidade a Us$ 15,00 por pessoa.
Terça (18/10/2002)
Dia 3: Presidência Roque Saenz Peña – Salta (653 km)
O ponto de encontro matinal da turma é sempre onde servem o café da manhã, aí jogamos conversa fora, saciamos nossa fome, comemos as deliciosas “facturas argentinas” e acertamos alguns detalhes da programação diária. O “desayuno” do hotel Gualok estava muito bom.
Logo na saída, enquanto nos deslocávamos pela cidade, encontramos uma turma muito grande de brasileiros deixando o hotel Aconcágua, acredito que havia, facilmente, mais de 20 motos se preparando para rodar. Provavelmente tratava-se de uma dessas viagens guiadas.
O trajeto de hoje novamente é nosso velho conhecido, um trecho de longas retas e muitos animais soltos pastando ao longo da estrada que corta o Chaco argentino. Em nossa última passagem aqui havia um trecho de 100 km em péssimas condições, porém, agora, já estava quase todo reconstruído. Outra novidade foi a diminuição dos controles policiais, passamos por apena um e nem pediram para parar.
A temperatura manteve-se constante na maior parte do dia, sempre na casa dos 17 C, algo muito agradável para quem viaja de moto. Em alguns trechos da estrada e na chegada a Salta ainda caiu uma leve garoa, que não nos obrigou a colocar os trajes para chuva.
Chegamos a Salta no meio da tarde, abastecemos as motos e nos dirigimos para o Hotel Alto Parque, já um velho conhecido nosso. Não havíamos realizado reserva e o hotel estava lotado. Começamos então uma peregrinação pelas redondezas, pedindo informações, pesquisando no GPS, Google e Booking. Depois de algumas tentativas frustradas, sejam elas pela falta de vagas ou pelas altas tarifas cobradas, encontramos um bem localizado, novo e com garagem para nossas motocas. O valor cobrado foi o mais alto da viagem.
Depois de acomodados saímos para caminhar pela cidade e, mais tarde jantar em um restaurante de comidas típicas saltenhas. A hora do jantar é sempre muito esperada pela galera. Tomando uma cervejinha ou um bom vinho regional lembramos dos acontecidos no dia e já planejamos os próximos passos no dia seguinte. Hoje provamos alguns pratos típicos como o Locro, que neste restaurante estava bem decepcionante, não por estar ruim, mas por estar totalmente sem graça. Em minha passagem pela província de La Rioja em abril de 2013, durante o almoço no Parque Nacional de Talampaya, comi um excelente Locro, porém feito a maneira riojana. Ainda nos divertimos com as famosas empanadas, que estavam boas, mas continham muita batata no recheio (nunca havia visto assim) e uma excelente cazuela de cabrito que a Laura pediu e me ofereceu uma prova. Nunca perco a oportunidade de provar novos pratos!
Hoje, depois da dificuldade em encontrar hotel, resolvemos procurar hospedagem para a próxima cidade. Encontramos algumas opções na internet e com a ajuda da recepcionista do hotel fizemos diretamente as reservas, sem a necessidade de pagamento antecipado.
Hotel: Alvarado Suítes, rua Alvarado 327, tarifa Us$ 56,00 apartamento single.
Restaurante: Doña Salta, Córdoba 46.
Quarta (19/10/2022)
Dia 4: Salta
Depois de algumas passadas pela região, desta vez paramos um dia em Salta, cidade que sempre usamos como dormitório em algumas das viagens pelo norte da Argentina e Chile. Aproveitamos lentamente o café da manhã servido no hotel, nada de pressa neste dia.
Caminhando nos dirigimos até o parque San Martin, onde está localizado o teleférico que leva até o topo do Cerro San Bernardo. Depois que estávamos por lá, conversando com um funcionário, descobrimos que é possível subir com o próprio veículo sem pagar nenhuma taxa de visitação. O acesso é uma saída a direita para quem chega pela entrada principal de Salta, vindo do Chaco, na mesma curva que tem um mirante, antes de iniciar a curta descida para o centro da cidade.
O Cerro San Bernardo oferece uma bela vista da cidade, possui também cafeteria e algumas tendas com artesanatos. Vale a pena!
Pegamos novamente o teleférico para voltar ao centro e fomos caminhando até a praça Nove de Julho, onde estão alguns prédios históricos como a belíssima Catedral de Salta. Nossa primeira parada no centro foi no Museu de Arqueologia de Alta Montanha, um museu dedicado às múmias de Llullaillaco. Abro parênteses para uma pequena referência sobre elas, fonte Wikipédia:
“As Crianças de Llullaillaco, chamadas ainda de múmias de Llullaillaco, são um achado arqueológico de 1999, em que três crianças, duas meninas e um menino, foram desenterrados no topo do vulcão Llullaillaco, nos Andes, a 6.739 metros de altitude, na fronteira entre Argentina e Chile.
O achado do conjunto de múmias consiste nos cadáveres bem conservados de três crianças, sem grau de parentesco, bem como cerca de 150 objetos que foram deixados juntamente com os corpos. São consideradas as múmias mais bem preservadas do povo inca já encontradas.Segundo estudos realizados com os corpos, as crianças foram sacrificadas num ritual chamado capacocha por volta do século XVI, em que elas foram colocadas vivas numa câmara após terem ingerido uma substância que alterou suas consciências. As três crianças haviam ingerido álcool e cocaína nos últimos meses antes do sacrifício, sendo que a menina mais velha, conhecida como La Doncela (A Donzela), havia consumido de forma mais intensa que as demais crianças, aumentando o consumo de álcool nas últimas semanas, diferente das outras crianças, em que o consumo se manteve estável.
#La Doncela: A múmia mais velha, conhecida como La Doncela, morreu por volta dos quinze anos, enquanto dormia. Seu corpo trajava um vestido e um cocar de penas, apresentava o cabelo trançado e uma infecção pulmonar. Provavelmente tratava-se de uma aclla, uma garota escolhida desde os dez anos para ser esposa de membros da elite ou sacerdotisa, sendo que algumas eram escolhidas para os rituais de sacrifício. Em seus lábios congelados ainda se encontrava folha de coca.
#La Niña Del Rayo: A outra menina, conhecida como La Niña Del Rayo, morreu com seis anos aproximadamente, e teve seu rosto danificado por um raio que caiu sobre ela. Seu crânio apresentava alongamento devido ação humana, o que caracteriza o status de nobreza da criança.
#El Niño: O menino morreu por volta dos sete anos, e sua morte aparenta ter sido traumática devido as manchas de sangue e vômito em suas vestes. As análises indicam que ele morreu por asfixia. Teve algumas costelas e a pélvis deslocada. Sua roupa indica que ele pertencia à nobreza inca. ”
Após a proveitosa visita ao museu procuramos um local para almoçar. Por indicação fomos até o mercado público, mas, chegando lá, não nos animamos a comer e então retornamos ao centro histórico onde logo encontramos um local mais aprazível. Após o almoço passamos numa loja de vinhos e compramos uma espumante para espantar o calor que fazia neste norte da Argentina.
Durante a tarde combinamos com os amigos brasileiros que estão viajando de motorhome, Paulo Severo e Sandra, de encontrarmos no hotel para jantarmos juntos. A dupla também está fazendo um passeio mais longo antes de chegar ao encontro C.U.B.A. Por sugestão da Sandra, nos dirigimos até o restaurante Peña Chaqueño Palavecino, uma boa opção para provar a gastronomia local como também para assistir a apresentações da cultura “norteña”. Hoje provamos algumas coisas diferentes como o Tamal (massa de farinha de milho recheada com carne, tipo a nossa pamonha) e um drink preparado com Fernet Menta e água tônica. Na ida pegamos dois táxis para acomodar a galera, eu, como estava “solito no más”, fui na “cachorreira” de uma station wagon acompanhado do cilindro de Gás Natural Veicular. O retorno foi caminhando na agradável noite saltenha para ajudar na digestão.
A previsão para o dia seguinte é de um pouco de chuva. Salta está localizada em uma região a aproximados 1.150 msnm. Amanhã nossa hospedagem será em Humauaca que está aproximadamente a 3.000 msnm e ainda faremos um passeio ao mirante do Cerro Hornocal que se encontra aproximadamente a 4350 msnm. Para facilitar nossa vida, diminuindo os efeitos do mal de altitude, hoje compramos uma caixinha de chá de coca no mercado público e, antes de me recolher ao quarto do hotel, usei as instalações da cozinha para preparar alguns litros do chá para o pessoal tomar durante o caminho.
Teleférico: Na praça San Marin, tarifa aproximada Us$ 10,00.
Restaurante: Peña Chaqueño Palavecino, rua Balcarce 935.
Museu de Arqueologia de Alta Montanha: Praça 9 de Julho, tarifa aproximada Us$ 5,00.
Quinta (20/10/2022)
Dia 5: Salta – Humahuaca (218 km)
A previsão para nossa saída hoje era com chuva, mas, afortunadamente, apenas uma leve garoa tentou fazer, sem sucesso, que colocássemos os trajes impermeáveis.
Para chegar ao destino de hoje podemos escolher entre dois caminhos, um mais rápido, passando por autopistas e com poucos atrativos e o outro mais demorado, por estradas sinuosas em regiões mais atrativas. Optamos por realizar o “camino de las cornisas”, uma estradinha com um ótimo pavimento que, por muitas vezes, permite apenas a passagem de um veículo por vez. Esta estrada percorre uma região com diques, rios, zonas de camping e muita natureza. Devido a diminuta largura e ao seu traçado sinuoso, a estrada pede muita cautela e pouca pressa do seu usuário.
Já havíamos passado por este caminho durante o retorno de nossa primeira viagem ao Atacama, em janeiro de 2009. A vontade de refazer o trajeto veio da má impressão que tivemos na primeira, visto que já estávamos cansados da travessia do Paso de Jama, chegando ao fim do dia, com o sol se pondo e o corpo e mente exaustos depois de vários quilômetros na puna argentina e chilena. Foi uma bela opção, agora descansados, mudamos aquela imagem ruim que ficou e aproveitamos cada curva desta bela estrada interiorana.
Em uma destas curvas paramos numa área de estacionamento para fazer algumas fotos, foi quando passou uma moto custom puxando um reboque, que vinha um pouco rápido para as condições da estrada e quase bateu de frente com uma camionete que se deslocava em sentido contrário. Também parou para conversar um ciclista italiano que havia saído da Colômbia a 3 meses e estava em viagem até Ushuaia.
Paramos para abastecer e fazer um lanche quando chegamos a San Salvador de Jujuy e logo partimos pelo belo trajeto que nos levaria até a cidade de Humahuaca. Chegamos ainda cedo ao hotel que havíamos reservado de Salta, descarregamos as motos e já pedimos informações de como estaria o caminho de 25 quilômetros até o mirante das Cerranias do Horconal. Resolvemos deixar as motocas descansando e contratamos duas camionetes para nos levar confortavelmente até o local. O caminho é curto, porém de uma grande beleza. São muitas curvas, quase sempre com um tipo de cascalho grande e bem afiado, que nos levam aos 4350 msnm de onde temos uma visão privilegiada da montanha multicolorida (conforme a publicidade turística são 14 cores). O passeio vale a pena, a natureza é muito exuberante neste pedacinho da Argentina. O trânsito na estrada é intenso, as diversas camionetes de turismo passam rápido levantando uma densa poeira e jogando o grosso cascalho para todos os lados, fatos esses que nos fizeram acreditar que foi uma boa escolha ter alugado um carro para subir até o mirante.
Logo retornamos e saímos caminhando para fazer um lanche no pitoresco centrinho de Humahuaca, tomei um ótimo cappuccino acompanhado de torradas com presunto e queijo.
Na esquina do hotel, um ambulante assava numa churrasqueira, dessas de latão, alguns quilos de linguiça artesanal. Não posso negar, mas o cheiro que emanava daí era muito tentador, talvez a melhor comida de rua que vimos na viagem, mas o bom senso mandou a gente refutar e procurar um restaurante mais tradicional.
Durante a noite, pelo fato de ter almoçado tarde, também resolvemos ir mais tarde procurar um lugar para jantar. Começamos a bater de porta em porta nos restaurantes da cidade, mas estavam todos lotados. Depois de alguma insistência em um deles, por acaso no mesmo em que lanchamos de tarde, conseguimos uma mesa para os 7 viajantes. A comida demorou, mas estava excelente. Mesmo ainda em solo argentino, optei, por falta das outras opções, por um pique a lo macho, prato típico boliviano feito com carne picante, batatas, ovos e alguns legumes. No cardápio do restaurante haviam muitas opções regionais de comida, porém cada uma que escolhíamos não estavam mais disponíveis, foi difícil de fazer o pedido. A vida é sem pressa nesses pequenos e remotos lugares e assim, normalmente, também é a prestação de serviços. Tendo esta compreensão, garanto que nenhum viajante vai se estressar com a demora na realização dos pedidos no restaurante, do atendimento nas pousadas e postos de gasolina. A vida tem outro ritmo nestas paragens e é preciso adaptar-se para aproveitar ao máximo o que elas têm para nos oferecer.
Hoje conhecemos um viajante espanhol, nos encontramos enquanto abastecíamos os veículos no único posto de combustível da cidade e, pelo mesmo motivo que acabei de comentar (do ritmo das coisas), ficamos um bom tempo travando aquele papo pois ele também tem moto na Espanha apesar de viajar pelo Norte da Argentina em carro alugado.
Já era bem tarde quando retornamos ao hotel, o vento e o frio se faziam presentes nos 3.000 metros de altitude da pequena Humahuaca.
Hotel: Hosteria Camino del Inca, Avenida Ejercito del Norte, sem número, fica logo após a ponte, tarifa Us$ 34,00 por quarto.
Restaurante: Pacha Manka, rua Buenos Aires 457.
Transporte para o Hornocal: Us$ 34,00 por camionete (até 4 pessoas).
Taxa de visitação: algo em torno de Us$ 0,50.
Sexta (21/10/2022)
Dia 6: Humahuaca – Uyuni (446km)
Foi uma noite “caliente” no hotel! Muita calma nesta hora, simplesmente o aquecimento do quarto estava muito alto, questão que solucionei dormindo com a janela aberta, deixando que a brisa abaixo de zero equilibrasse a temperatura do ambiente.
Levantamos cedo para deixar tudo pronto enquanto esperávamos o café da manhã que seria servido as sete horas. As motos e carros estacionados no pátio estavam cobertos por uma fina camada de gelo. Bagagem arrumada, lavei o banco com água morna para retirar o gelo e logo sequei deixando tudo pronto para montar na motoca assim que terminássemos o café.
Após o desjejum, quando chegamos nas motos, lá estavam os bancos congelados novamente. Apesar da baixa temperatura no início da manhã, a viagem foi confortável até a nossa primeira parada para abastecimento em La Quiaca, ponto extremo norte de nossa passagem na Argentina, a partir daí já entraríamos na Bolívia.
Para não perder muito o costume (em contrapartida, perdendo assim sempre bastante tempo), ao chegar no posto de gasolina da entrada da cidade adivinha quem estava lá? Siiimmm, o caminhão da YPF iniciando a descarga de combustível. Ficamos uma hora parados, pois, mesmo sabendo que havia outro posto, não sabíamos onde e nem se também havia combustível. Aguardamos pacientemente para não perder a vaga na fila, onde seríamos os primeiros assim que retomassem o abastecimento.
Neste primeiro trecho a moto, que normalmente consome na casa de 20 a 21 km/l de combustível, já estava rendendo por volta de 26 km/l. Mais adiante na Bolívia, onde viajamos em altitudes sempre próximas ao 4 mil metros, a Tiger 900 indicava no painel um consumo médio na casa de 30 km/l.
Acredito que saímos do posto por volta das 11:30 da manhã. Com facilidade encontramos o caminho até a aduana. Passamos pelo outro posto de combustível e lá estava o caminhão descarregando a gasolina também.
Os trâmites aduaneiros foram relativamente rápidos, confesso que estava preparado para um cenário bem pior, mas fomos bem atendidos, com cortesia e solidariedade das autoridades argentinas e bolivianas. Minha impressão com este novo país que estou prestes a descobrir já iniciou de forma muito favorável.
Havíamos preenchido antecipadamente, no site da aduana boliviana, antes mesmo de sair de viagem, o formulário de registro de veículos de turismo (SIVETUR – formulário 249), tentando assim agilizar o processo, porém, o agente da aduana boliviana achou por bem realizar o cadastro ele mesmo, ação que demandou em torno de 10 minutos para cada moto. Este formulário é de suma importância, é um documento que autoriza a permanência de seu veículo no país. Nunca entre sem fazer ele e depois de feito não se atreva a perder o mesmo, pois ao sair será cobrado, com a pena máxima de confisco do veículo caso seja verificada alguma irregularidade na documentação. A imigração tanto na Bolívia como na Argentina também foram bem rápidas, mostramos apenas o passaporte (que também não foi carimbado) e o documento da moto, não solicitaram nada mais.
Um fato que nos chamou a atenção foi o de um formigueiro humano entre as fronteiras, pessoas atravessavam correndo, por um corredor delimitado, empurrando carrinhos lotados de produtos da Argentina para a Bolívia.
A última parada burocrática foi logo após a ponte, paramos em um órgão do governo que acredito que seja ligado à saúde, acho que só mostrei o passaporte também, mas não tenho muita certeza disso. Antes de sair definitivamente dos trâmites, perguntei ao rapaz que fumigava os caminhões, onde seria a melhor opção para comprar a moeda boliviana. Com a sua indicação, rodamos mais uma ou duas quadras e ali já achamos novas casas de câmbio, onde, segundo o rapaz, a cotação era melhor que a realizada na cabeceira da ponte.
O calor já estava forte, acredito que seria algo em torno de 12:30 ou 13:00 da tarde quando procuramos um posto de combustível para estacionar as motos, usar o banheiro e trocar as roupas de frio por algumas mais leves. Paramos na cobertura do posto para fugir do sol, veio um militar e perguntou se iríamos abastecer, com a nossa negativa ele pediu para que retirássemos as motos pois nesta área não pode ficar estacionado. Colocamos as motos no sol, na empoeirada rua de Villazón, troquei a calça de cordura por uma jeans, ajeitamos as coisas e logo partimos rumo ao interior da Bolívia.
Até Tupiza o relevo é mais brando, a estrada é de ótima qualidade e o movimento de pequenos carros que fazem o transporte de cargas e pessoas até a fronteira não chega a incomodar. Iniciamos o deslocamento em baixa velocidade, sempre atentos aos limites da rodovia, tendo em vista que fomos alertados por amigos sobre o controle policial, principalmente perto da fronteira. Passamos por um posto de controle e não foi solicitado nada, foi o único até Uyuni.
Depois de 100 quilômetros chegamos a Tupiza, cidade localizada em um lugar de grande beleza, com enormes paredões de arenito em quase toda sua extensão. Após atravessar a pequena cidade de 20 mil habitantes, fomos obrigados a parar para pedir informações pois o GPS insistia em colocar a gente numa estrada de terra, fato que eu havia pesquisado e estava ciente que não procedia. Paramos ao lado de um grupo de pessoas que conversavam sentados à beira da estrada e, mesmo sem termos feitos qualquer pergunta, com um largo sorriso no rosto e muita presteza, nos informaram que o acesso da nova estrada estava poucos metros a nossa frente.
Deste ponto em diante deixamos a Ruta 14 e entramos na excelente Ruta 21. No início deste trajeto, num pequeno pedaço de terra (nada mais que 500 metros), encontramos parados uma turma de motociclistas argentinos, estavam ali descansando e, pelo que notei, fazendo um reagrupamento do pessoal. Parei para pedir informações e logo seguimos viagem.
Este novo caminho para Uyuni é espetacular, uma estrada novinha, repleta de curvas e que chega a 4.240 msnm. As paisagens são de tirar o fôlego, desde as partes mais baixas (Baixas? Estão a 3 mil metros!), onde atravessamos lindos vales até a sua parte de alta montanha, com sua fauna peculiar e seus picos que devem beirar os 6 mil metros. As motos continuavam rendendo muito bem, com exceção a do Pico que ainda é carburada e vinha expelindo gasolina pura pelo escapamento.
Após o meio da tarde o frio voltou a se fazer presente, o vento aumentou de intensidade e paramos numa área de descanso para colocar um pouco mais de roupa, fazer um lanche e reforçar a hidratação. A esta altura faltava apenas 70 km, já vínhamos muito cansados, a estrada com inúmeras curvas de baixa e baixíssima velocidade estava exigindo bastante de todos. Deste ponto as curvas diminuem e a viagem volta a render novamente, em pouco tempo já estávamos chegando ao ponto alto de nossa viagem, a cidade de Uyuni.
Paramos para completar os tanques das motos, já fomos avisados que a tarifa cobrada de estrangeiros era diferente. Enquanto o valor para residentes na Bolívia era de $3,40 bolivianos, para estrangeiros o valor seria de $6,00 bolivianos. Para quem vinha preocupado com as negativas de abastecimento, tendo em vista a burocracia para vender combustível a estrangeiros, ficamos bem contentes com posição deste posto. O governo boliviano subsidia o combustível e por este motivo faz este controle de venda. Já ouvimos diversos relatos de postos que negam o abastecimento diretamente nas motos, sendo necessário o uso de galões para comprar o combustível ou ainda, de postos que não abastecem de forma alguma.
Com uma certa facilidade achamos o hotel que já estava reservado com antecedência por aplicativo desde que saímos do Brasil.
Acomodamos nossas coisas, tomamos aquele banho reparador, pegamos algumas informações junto à portaria do hotel e logo saímos para conhecer o centrinho da empoeirada Uyuni. Por indicação do pessoal do hotel fomos diretamente ao restaurante Sal Negra, um local de aspecto duvidoso, mas que nos serviu uma justa refeição. Está difícil de tomar cerveja gelada por aqui.
Hotel: Cristales Joyas de Sal, Rua Colon 379, esquina Novena, Us$ 50,00 single
Restaurante: Sal Negra, Av Potosi esquina Bolir.
Sábado (22/10/2022)
Dia 7: Salar de Uyuni
Depois de uma noite difícil devido ao clima muito seco e nossa adaptação à altitude ainda estar em andamento, levantei com um pouco de dor de cabeça. No início da manhã, enquanto tomávamos café, ainda fazia muito frio. A temperatura durante a noite chegou aos 6 graus abaixo de zero.
Hoje ainda precisamos ajustar algumas coisas antes de iniciar nosso tour pela região. A primeira tarefa, enquanto desfrutamos do bom café da manhã do hotel foi fazer no check in de nossa parada na Bolivía. Quando fizemos a entrada no controle migratório fronteiriço, recebemos um papel com um QR code e toda a informação de como deveríamos proceder, teríamos até 48 horas para informar onde estávamos no país. O cadastro é simples e rápido, o QR code te direciona ao sistema de gestão migratória (SIGEMIG) onde entramos com nossos dados pessoais e informamos onde estamos hospedados e etc.
Em seguida, com a ajuda do pessoal do hotel, contratamos um pacote com transporte, guia, almoço e lanche que nos levaria até as principais atrações do Salar de Uyuni, passeio este que iniciou as 10:30 horas e só terminou após o pôr do sol. Foi um dia longo, percorremos uma boa distância com a camionete alugada (“vagoneta”, como chamam aqui a velha SUV da Toyota) e visitamos lugares incríveis, como o Cemitério de trens, povoado de Colchani, Monumento ao Dakar, Ilha Incahuasi, rodamos cerca de 200 km pelo salar, paramos para fazer fotos e encerramos o dia tomando um vinho local e contemplando um incrível pôr do sol. O almoço foi no antigo hotel de sal Playa Blanca, hoje desativado, serve apenas de refeitório aos turistas que visitam a região. O almoço servido pelo guia incluía carne de llama, quinoa, salada e bebida sem álcool.
O monumento do Dakar, as bandeiras e o hotel de sal estão próximos à borda do salar, acredito que uns 5 km, já a Ilha Incahuasi, está distante 90 km.
No retorno, o guia (Fredi) nos deixou diretamente no hotel Tonito, bem perto do nosso, onde um excelente restaurante abre suas portas para o público em geral.
No hotel Joyas também estavam hospedados dois motociclistas argentinos, ficamos um bom tempo conversando. A viagem deles estava no começo, ainda rodariam mais de 30 dias pela Bolívia e Peru, um numa novíssima Honda Africa Twin e outro numa Royal Enfield Himalayan de 450 cc. O senhor que pilotava a moto menor me contou que já conhecia um pouco do Brasil, que em 1975 comprou uma Honda 750 four de Miami e mandou entregar em Fortaleza. Foi buscar a moto e retornou rodando até sua cidade na província de Buenos Aires.
Jantamos cedo, estávamos todos cansados pois foi um longo dia. O sol, o sal, o clima seco e as variações de temperatura cobraram o seu preço e logo retornamos ao hotel para descansar, arrumar as malas e preparar nosso retorno no dia seguinte.
Que dia! A beleza natural do Salar é impressionante.
Restaurante: Minuteman Pizza, Avenida Ferroviaria 60, junto ao hotel Tonito.
Pacote de 1 dia no Salar: Us$ 30,00, inclui lanche e almoço.
Domingo (23/10/2022)
Dia 8: Uyuni – Tilcara (489 km)
Acordei melhor, o organismo já está mais adaptado a este clima seco e de altitude. O frio também estava menos intenso nesta manhã, fato que também já animou um pouco o pessoal.
Era domingo, tivemos um pouco de dificuldade para sair da cidade, as ruas estavam fervilhando de camponeses vendendo seus produtos. Lentamente fomos abrindo caminho e logo estávamos novamente na excelente Ruta 21.
Passamos por Atocha, uma cidade encravada na montanha, numa região dedicada apenas a mineração. Logo voltamos a rodar pela parte de alta montanha, com suas inúmeras curvas e trajeto muito travado. A moto do Pico estava falhando muito mais, totalmente desregulada, estava com média de consumo na casa dos 10 km/l, fato que nos obrigou a fazer uma parada em Tupiza para completar o tanque da Varadero. É claro que também aproveitamos para lanchar, hidratação, pipi e atualizar o vestuário, já que a temperatura subira para a casa dos 20 ºC. Novamente não houve problema para abastecer, apenas cobraram o valor para estrangeiro.
Hoje rodamos mais tranquilos por este trecho, certamente cansamos menos e aproveitamos muito mais que no dia em que passamos no sentido contrário. Os fatos de, agora, conhecermos o trajeto, a temperatura estar mais amena na parte alta e estarmos descansados, contribuíram positivamente para um melhor desenvolvimento da viagem.
Chegamos as 13:00 h a Villazon, numa casa de câmbio trocamos os bolivianos remanescentes, nos dirigimos a fronteira, entramos numa fila que não se movia para iniciar os trâmites e ali ficamos por um bom tempo. Assim que acessamos o prédio da imigração um funcionário nos chamou e, em 10 segundos, carimbou o nosso papel de entrada e saída do país. Rapidamente fizemos a liberação das motos na aduana boliviana e iniciamos os trâmites na aduana argentina, que desta vez estava muito mais morosa. Depois de tirar toda a bagagem para passar no Raio X (que estava quebrado) fomos liberados para seguir viagem, as 15:30 h. Desta vez abastecemos no primeiro YPF, logo após a ponte, mas fomos lanchar no posto da entrada da cidade, onde a infraestrutura é bem melhor.
Ao chegar no posto me deparo com uma grande turma com motos de trilha, quase que instantaneamente, reparo também numa mulher junto a uma destas motos. Depois de 15 anos de amizade virtual, iniciada no site do Brazil Rider’s e que continuou nas redes sociais, me deparo com a motociclista Verônica, da cidade de Quilmes, província de Buenos Aires. Vero, como nossa amiga argentina assina nas suas redes, rodou pela Europa e já virou do avesso a América do Sul viajando de moto. Agora, estava numa viagem mais “roots”, por estradas de rípio, leitos de rios, montanhas com 5500 metros, neve e muita aventura com sua pequena moto de trilha. Conversamos um pouco, demos muitas risadas sobre as coincidências que nos levaram a este encontro num dos lugares mais ermos da Argentina e logo seguimos nossas rotinas de viajante, pois ambos teríamos ainda alguns quilômetros para percorrer no dia.
Ao final da tarde alcançamos Tilcara, nosso destino de hoje, onde já havíamos reservado um bom hotel na beira da estrada, bem na entrada da cidade. Acomodamos as coisas e logo fomos para a piscina aproveitar o restinho do dia apreciando a linda vista da Quebrada de Humahuaca acompanhados de excelentes cervejas e muita conversa. O dia havia sido duro, principalmente pela demora na aduana boliviana, mas um lugar destes e a boa conversa elevam nosso astral quase que instantaneamente.
O jantar foi no restaurante do hotel.
Hotel: Hosteria y Spa Portal de la Quebrada, Avenida 17 de outubro s/n, Ruta 9 acesso Norte, www.elportaldelaquebrada.com, tarifa single Us$ 60,00.
Segunda (24/10/2022)
Dia 9: Tilcara – Dique Cabra Corral (270 km)
Acordamos mais tarde e saímos bem despreocupados, o dia de hoje seria curto, apenas 270 quilômetros até a pequena cidade de Coronel Moldes, porta de acesso ao Dique Cabra Corral. Durante outra viagem, em julho de 2011, passamos frente a este acesso e o nome não me saiu mais da cabeça. Chegando em casa resolvi pesquisar e encontrei um belo lugar, com água abundante neste árido norte argentino.
Depois de percorrer os últimos quilômetros da Quebrada de Humahuaca, o calor voltou a se fazer presente e a viagem entrou em trechos sem muitos apelos visuais. Eram longas retas e vegetação rasteira, até chegar à Ruta 68, após Salta, onde a paisagem volta a ser atrativa.
Ainda no caminho entre Jujuy e general Guemes pegamos alguns desvios por obras na estrada e acabamos parando num posto esquisito não sei nem onde. Mas tinha água, gasolina e café, então estava tudo certo.
Chegamos ao hotel reservado ainda no início da tarde, fizemos o check in e aguardamos uma mesa para almoçar.
Este lugar foi uma das grandes surpresas da viagem, o local é belíssimo, o hotel está localizado de frente para o lago artificial e oferece uma linda vista panorâmica. A cozinha e os bons vinhos complementam o cenário perfeito para um dia de descanso.
Passamos o dia até o horário de dormir, conversando, comendo empanadas e tomando algumas garrafas de um ótimo torrontês local.
O hotel possui apenas 4 quartos, todos com frente ao lago. O atendimento é sincero, porém chega a parecer um pouco amador, fato que não diminui em nada a qualidade do lugar.
Hoje, ao chegar, o Rubens esqueceu de desligar os faróis auxiliares da moto, fato que só foi percebido já tarde da noite por um dos funcionários do hotel. Após algum tempo a bateria pegou um pouco de carga e fizemos a motoca funcionar novamente.
Hotel: Terrazas del Lago, RP 47 km 9,5, www.terrazasdel-lago.com.ar.
Terça (25/10/2022)
Dia 10: Dique Cabra Corral – Cafayate (307 km)
Hoje foi outro dia com pequenas distâncias. Sérgio, Paula, Rubens e Cris resolveram percorrer o caminho até Cafayate pela parte mais curta, de asfalto, realizando um trajeto de apenas 133 quilômetros. Eu, o Pico e a Laura realizamos o trajeto mais longo, passando pela Cuesta del Obispo, Parque Nacional de Los Cardones, Cachi e Ruta 40.
A opção dos dois trajetos já estava desenhada desde a elaboração do projeto de viagem e coube a cada um escolher o que melhor satisfaria seus anseios de viajante. Pelo fato de já ter percorrido o trajeto pelo asfalto, coloquei também no roteiro este trecho mais longo, passando por lugares ainda desconhecidos por mim e pelos demais companheiros de viagem.
A Cuesta del Obispo foi outra surpresa, apenas uma pequena parte de seu caminho está sem asfalto, fato que não atrapalha, pois, a região também demanda baixa velocidade para que possamos aproveitar ao máximo a exuberante paisagem. O caminho começa na cidade de El Carril, onde pegamos a estrada 33, subimos a Cuesta e chegamos na Recta del Tin-Tin, já sob os domínios do Parque Nacional de los Cardones. Esta estrada encontra-se com a Ruta 40 na cidade de Payogasta, onde viramos para e esquerda e seguimos em direção a Cachi, onde abastecemos as motos.
O trajeto longo foi espetacular, novamente a natureza é exuberante e a pequena Cachi, em plena puna argentina, é uma encantadora cidade de estilo colonial, um lugar que vale uma nova passada no futuro. O trecho da Ruta 40 entre Cachi e San Carlos é outro destaque, a estrada de chão nos convida a andar mais devagar, apreciando assim, com muito mais carinho, todas as atrações nestes 120 quilômetros de rípio. São vales, montanhas, quebradas, vilarejos e diversas Bodegas espalhadas ao longo do trajeto, um caminho cheio de atrações e que nos cobrou cerca de 3 ótimas horas para que pudéssemos chegar com segurança ao destino de hoje.
De San Carlos até Cafayate são apenas 30 quilômetros, os quais percorremos em um novo e excelente asfalto que cortava extensos parreirais.
Chegando a Cafayate abastecemos as motos, calibramos novamente os pneus para o asfalto, lubrificamos as correntes e nos dirigimos até o hotel onde o resto da turma já nos aguardava.
Depois de tirar o pó da estrada já procuramos um local para comer umas empanadas e refrescar o corpo.
Durante a agradável noite aproveitamos para caminhar e ver os artesanatos do local, jantamos, provamos uns sorvetes regionais, assistimos um pouco dos festejos em praça pública em razão dos 182 anos da cidade e retornamos ao hotel.
Hotel: Real Cafayate, Guemes Sur 128, www.hotereal.com.ar.
Quarta (26/10/2022)
Dia 11: Cafayate – Chilecito (463 km)
O dia de hoje novamente seria inédito, somente eu e o Sérgio conhecíamos uma pequena parte do trajeto, o qual fizemos no inverno de 2011, até o entroncamento com a ruta 307, próximo a cidade de Aymachá de Vale, onde, na época, saímos da Ruta 40 e seguimos via Tafi del Valle até a cidade de La Rioja.
Daí para frente era tudo uma incógnita, as informações que tínhamos foram colhidas na internet, apenas programamos de abastecer as motos mais ou menos no meio do caminho entre Cafayate e Chilecito. Logo que partimos já notamos que o céu não estava tão limpo e em poucos quilômetros o mesmo ficou marrom, fenômeno causado pela grande quantidade de areia ou terra suspensa no ar. Diferentemente de outras tempestades de areia que enfrentamos pelos desertos no Chile e Argentina, essa foi diferente, o material estava tão alto que encobria o sol e toda a paisagem a nossa volta, acabamos rodando todo o dia neste cenário “pós-apocalíptico”, no mais tradicional estilo dos filmes da série Mad Max. Dia de temperaturas extremas, com frio e calor. Sem muito o que aproveitar, paramos apenas em Belén para abastecer e comer.
Ainda era cedo da tarde quando chegamos a Chilecito. Abastecemos as motos, passei alguns semáforos no vermelho (sim, eles estavam localizados em lugares poucos usuais, de difícil visualização) e logo encontramos o local de nossa hospedagem.
Ficamos na pousada de um primo do Noni, um velho amigo nosso que vive em La Rioja e sugeriu este excelente lugar para nosso descanso. A pousada El Viejo Molino é administrada pelo proprietário Rody, tem piscina, garagem e uma ótima área de convivência. O atendimento é um negócio a parte, nosso amigo não sabia o que fazer para nos agradar, nos sentimos realmente em casa.
Na região existem algumas atrações que devem valer a pena a visitação, principalmente a visita a uma antiga mina desativada e ao Famatina, a montanha com glaciares que chama a atenção desde qualquer lugar da simpática Chilecito.
Depois de conhecer um pouco da cidade caminhando, retornamos ao hotel onde ficamos confraternizando ao lado da piscina, comendo uma “picada” e tomando algumas cervejas.
Hotel: El Viejo Molino – Posada y Resto Bar, rua Jamin Ocampo 73, tarifas: 1 pessoa (Us$40,00), 2 pessoas (Us$ 60,00), 3 pessoas (Us$ 70,00) e 4 pessoas (Us$ 80,00).
Restaurante: Borussia, rua 25 de Mayo 56, frente a praça.
Quinta (27/10/2022)
Dia 12: Chilecito – Cosquin (450 km)
Mais um dia de viagem pura, sem muitas atrações pelo caminho. Aliás, atrações até teríamos, mas não percebi a saída para a Cuesta de Miranda e a “atração do dia” acabou ficando para trás. O caminho até Patquia é interessante, lindas formações rochosas, extensos parreirais e plantações de oliveira embelezam o deserto riojano.
Abastecemos em Chamical, onde apenas tomamos um café e depois em Cruz de Eje, onde paramos para almoçar, já sob forte calor. Depois de quase duas horas parados, esperando o almoço no posto YPF, logo retornamos a estrada para cumprir os últimos 70 km até Cosquin. Pelo caminho sempre muitas cabras e ovelhas sobre a pista, é necessária muita atenção para evitar algum acidente com os animais.
Chegamos cedo a Cosquin, acomodamos nossa bagagem e começamos a colocar em dia a conversa represada pela pandemia, desde a última confraternização em março de 2020, realizada na praia de La Paloma, Uruguai.
Passamos o resto do dia sentados à sombra de uma grande árvore, conversando, bebendo e comendo alguns petiscos, inclusive as famosas “bondiolas” preparadas pelo anfitrião Sérgio Tubero. Quando digo “famosas”, me refiro ao fato de estarem presentes nas conversas do grupo desde a primeira data marcada para evento na Argentina, a qual foi sendo adiada repetidamente em função dos altos e baixos da pandemia.
Hotel: Residencial Iosfa, Avenida Capitán Omar J. Castillo s/nº.
Sexta (28/10/2022)
Dia 13: Cosquin
Dia de confraternização. Por volta das 10:00 h a organização levou a turma de 40 pessoas para passear pelo centro de Villa Carlos Paz com parada para almoço em um restaurante espetacular, com excelente comida e vista panorâmica para toda a cidade.
Após o almoço saímos em comboio e paramos frente ao lugar onde ocorreu o primeiro encontro com o nome de C.U.B.A., no Hostal de La Costa, em outubro de 2007. Em seguida circundamos o Dique San Roque, paramos para algumas fotos no “embudo” e logo voltamos ao hotel, para continuar nossas conversas sob a sombra da mesma árvore de ontem.
Restaurante: Up Clover Irish Pub, Rua Alberdi 50, Torre Melos, 13º piso.
Sábado (29/10/2022)
Dia 14: Cosquin
Novamente aproveitamos a manhã para realizar um pequeno passeio a uma localidade chamada Los Cocos, uma bela cidadezinha encravada na região das “sierras”. Subimos de teleférico até o cume de um morro, visitamos um aquário (tipo estes que as pessoas têm em casa), outros entraram em uma sala dos horrores, onde acredito que havia alguns atores assustando a galera que saiam rindo, alguns ainda fizeram um passeio num pequeno trem que circunda o mesmo cume e logo descemos para retornar ao hotel onde almoçamos e passamos o resto do dia confraternizando debaixo daquela sombra.
A esta altura a moral do grupo já andava um pouco abalada, depois de vários dias de euforia com os reencontros, agora já estávamos novamente mais próximos das despedidas e a tristeza de deixar as amizades para trás já pairava em meio a roda de conversa.
O jantar de sábado, como já é de praxe, serviu para a passagem da bandeira e do livro de presença aos organizadores do próximo encontro.
Esta última reunião do sábado sempre termina mais cedo que as demais pois, no dia seguinte, a maioria dos viajantes já inicia o retorno cedo, as vezes antes do desjejum, como foi o nosso caso.
Domingo (30/10/2022)
Dia 15: Cosquin – Uruguaiana (877 km)
Ontem, durante todo o dia, ouvimos notícias que os ventos estariam fortes na região. Os próprios amigos argentinos recebiam os avisos e nos alertaram que as condições climáticas estariam adversas no domingo. A janela de meu quarto bateu forte durante grande parte da noite, sinal que o vento já estava mostrando suas garras.
Eram 6:00 h quando colocamos as motos na rua e iniciamos o retorno ao Brasil. O vento estava forte, mas nada assustador.
Quando chegamos próximo a Córdoba, iniciamos o contorno do anel viário para não entrar ao centro da cidade e aí a situação começou a mudar. O cenário voltava a ser tenebroso, o sol estava encoberto pela poeira e aparecia como uma grande bola laranja naquele dia encardido que acabara de iniciar. O vento estava no “modo patagônico pela tarde”, ou seja, fortíssimo e com rajadas piores, fazendo a moto se comportar como uma folha de papel no meio da estrada. A pilotagem estava extremamente difícil, qualquer vacilo seria acidente na certa. A terra que vinha das lavouras descobertas cruzava lateralmente a estrada e piorava ainda mais a situação. A certa altura, na cidade de San Francisco, a polícia interrompeu a passagem dos veículos até que a visibilidade da estrada retornasse a níveis mais seguros. Neste momento retrocedemos 10 km até a cidade de Devoto para abastecer, usar a internet para justificar a nossa ausência no segundo turno das eleições presidenciais e tomar o café da manhã enquanto aguardávamos a liberação da estrada. Havia a possibilidade de fazer um desvio, mas, mesmo assim, aguardamos uns minutos. Nossa paciência foi recompensada e quando retomamos a viagem pela Ruta 19, o trânsito já fluía em meia pista. Este cenário apocalíptico nos acompanhou até perto de Santa Fé.
Paramos para abastecer e almoçar na saída de Paraná, no momento fazia frio e caiam algumas gotas de chuva.
Abastecemos novamente em Federal e seguimos pela famigerada Ruta Provincial 127, na província de Entre Rios, lugar em que sempre fomos parados inúmeras vezes para verificação pela Polícia Caminera. Desta vez seguimos sem sermos molestados, nenhuma vez, nem pedido de propina tivemos, fato bem incomum nesta região.
A estrada continua com um trecho em péssimas condições, com muitos remendos e alguns buracos entre San Jaime de La Frontera e Cuatro Bocas.
Chegamos cedo a Paso de Los Libres, abastecemos as motos com a boa “nafta” argentina, passamos num mercado para comprar vinhos, realizamos os trâmites na aduana e, por fim, trocamos os últimos pesos com os cambistas.
Ao sair da aduana coloquei o endereço do hotel no GPS e daí em diante foi só correr para o abraço depois de um dia longo e com condições muito adversas.
Depois de um bom banho relaxante, caminhamos até o restaurante que costumamos jantar aqui em Uruguaiana, lugar de excelente comida e atendimento.
Hotel: Fares Turis, Avenida Presidente Vargas 2929, www.faresturishotel.com.br.
Restaurante: Casarão, Rua 15 de Novembro 1709.
Segunda (31/10/2022)
Dia 16: Uruguaiana – Passo Fundo (560 km)
Último dia de estrada e os sentimentos são um misto de alegria por retornar ao lar e outro de tristeza por deixar para trás os bons momentos que vivenciamos durante as viagens de moto, principalmente quando são por novos lugares, onde as novas experiências somam-se ao prazer de viajar.
O trecho de hoje, para os padrões de quem gosta de longas viagens, é relativamente curto, mas as condições da estrada, do tráfego, do clima e os bloqueios realizados pelos descontentes com o resultado das eleições presidenciais, tornaram o trajeto um tormento.
Saímos de Uruguaiana sabendo que pegaríamos chuva na estrada pois a previsão anunciava precipitações praticamente para todo o estado. O trecho ao longo de todo o caminho continua em péssimas condições, salvo alguns poucos quilômetros que receberam uma nova e fina camada de asfalto.
A primeira parada para abastecer foi após o acesso a São Borja, o clima não estava nada amistoso, já caiam algumas gotas de chuva e o frio deixava a pilotagem um pouco mais cansativa. Rodamos mais alguns quilômetros, a chuva apertou e paramos novamente para colocar os trajes de chuva.
Quando chegamos ao acesso de São Luiz Gonzaga enfrentamos o primeiro bloqueio na estrada. Contornamos pelo centro da cidade e saímos por um acesso sem pavimento posterior à interrupção. Chovia no momento e, para quem conhece a região, sabe o quão escorregadio fica o terreno em dias de chuva. Foi um sufoco para transpor este pequeno trecho de terra vermelha (mais semelhante a um sabão) com os pneus de asfalto de minha moto.
Seguimos viagem embarrados, molhados e com fome até o acesso a São Miguel das Missões, onde paramos para almoçar e completar os tanques das motos, pois daí em diante o combustível seria suficiente para chegar em casa sem mais nenhuma parada. Antes de entrar ao restaurante usamos a água do posto para tirar o excesso de barro das botas, assegurando assim que não fossemos expulsos do local (risos!).
Seguimos viagem pela péssima BR 285, passamos mais quatro bloqueios, ultrapassamos imensas filas de automóveis e caminhões que se formaram, desta vez trafegando pela contramão ou pelo acostamento, desviando das barreiras compostas de pneus, caixotes, caminhões, máquinas agrícolas e camionetes. O nível de stress por nossa conta era visível, o frio, a chuva, 15 dias de viagem, estrada ruim e agora essa função de não deixar as pessoas circularem livremente pelas estradas já haviam minado nossa paciência e a única vontade era de chegar em casa o quanto antes.
Depois de 6.086 quilômetros, rodados tranquilamente em 15 dias, finalmente encosto a Tiger 900 para descansar na garagem de meu apartamento em Passo Fundo.
Considerações finais
Com a definição do local do encontro C.U.B.A. em Cosquin, província de Córdoba, Argentina, começamos a desenhar uma nova viagem. Um deslocamento simplesmente até o local do encontro seria algo muito breve e então aproveitamos a saída para conhecer um pouco mais do Norte da Argentina. Após alguns cálculos e observações nos mapas, percebi que estaríamos muito próximos de um local de grande apelo visual, num país novo para nós e que se encaixaria perfeitamente em nosso roteiro de 15 dias que tínhamos disponíveis. Assim nasceu a ideia de visitar o Salar de Uyuni na Bolívia, com passagens em novos lugares no Norte argentino.
Mesmo calejados em passar fronteiras, desta vez saímos com algumas dúvidas no que diz respeito aos requisitos sanitários (vacinas e etc) e, principalmente, sobre os trâmites para entrar e sair da Bolívia. Foram vários dias de pesquisa na internet junto a sites de viajantes e governamentais e também muitos contatos com amigos brasileiros e argentinos para dirimir pessoalmente algumas dúvidas.
A viagem pela Argentina, como sempre, foi de uma tranquilidade monstruosa, com boas estradas, preços baixos na alimentação, hospedagem e combustível. Pela primeira vez em vários anos de viagens e pelo fato de estarmos viajando em 4 motos e 7 pessoas, tivemos alguma dificuldade em conseguir hotel, pois estavam sempre lotados, fato que nos levou, na maioria das vezes, a realizar reserva com antecedência conforme o desenvolvimento da viagem. Outro ponto positivo desta passagem pelo nosso país vizinho, foi que não fomos abordados em nenhum momento pelos controles policiais, inclusive nos tradicionais pontos de extorsão.
A maior surpresa foi nossa viagem pela Bolívia, desde os serviços de aduana e imigração, onde fomos atendidos com muita cordialidade por parte dos agentes, recebendo ajuda no preenchimento dos formulários exigidos para o desembaraço pessoal e da moto. Passando pela alegria e presteza do tratamento dispensado pelo povo boliviano com estes viajantes brasileiros, desde o atendimento em hotel, restaurantes e postos de gasolina até o pessoal que estava na rua e que nos davam informações corretas para sanar nossas dúvidas. Para finalizar a boa impressão, as boas estradas livres de pedágios e a grande beleza natural desta parte do país nos presenteou com imagens inesquecíveis da Cordilheira dos Andes e do Salar de Uyuni.
Que país! Visitem!
O encontro em Cosquin estava muito bem organizado pelos amigos argentinos, passamos ótimos dias colocando em dia a conversa represada por dois anos de pandemia.
Viajar é bom e quando a companhia é agradável e tudo ocorre dentro da normalidade, apesar de alguns sustos meteorológicos, é melhor ainda.
FIM